Empresa japonesa quer instalar 100 máquinas automáticas de venda de carne de baleia

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A empresa japonesa Kyodo Senpaku., do ramo baleeiro e com sede em Tóquio, pretende instalar, nos próximos cinco anos, cerca de 100 máquinas automáticas de venda com carne e produtos à base de carne de baleia, chamadas Whale Store.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, ela começou a operar no final de dezembro de 2022 algumas hanbaikis – termo em japonês para terminais de autoatendimento – que vendem carne congelada de baleia vermelha em forma de sashimi e bifes mal passados, além de baleia enlatada. Os produtos custam até 3.000 ienes (R$ 120).

“A menos que o consumo doméstico aumente, a indústria baleeira tradicional não sobreviverá e elementos da cultura alimentar única do Japão serão perdidos”, comenta um representante da Kyodo Senpaku, citado pelo jornal.

Em meados de fevereiro, a empresa pretende instalar máquinas Whale Store em mais três locais em Tóquio, Yokohama e Osaka, numa tentativa de incentivar as pessoas a consumirem carne de baleia.

De acordo com o The Telegraph, a indústria baleeira japonesa estaria enfrentando dificuldades como mudança no gosto da população, aumento da conscientização sobre o bem-estar animal e a diminuição dos subsídios do governo.

Ativistas ambientais já criticaram a instalação das hanbaikis com carne de baleia, alegando que se trata de um “truque cínico de vendas”.

“Apenas um grupo pequeno, mas influente, de políticos e membros da indústria baleeira dirige os interesses baleeiros do país”, denuncia a ativista Astrid Fuchs, da ONG britânica Whale and Dolphin Conservation, em um comunicado divulgado na semana passada e reproduzido pelo jornal britânico.

A ONG afirma que a caça às baleias é cruel, já que muitos animais demoram muito para morrer após serem atingidos por arpões, “muitas vezes disparados de forma imprecisa por navios em constante movimento”.

O The Telegraph lembra que a carne de baleia eram amplamente consumida no Japão após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante uma época de escassez de alimentos. Em 1962, as vendas atingiram o pico de 223 mil toneladas por ano, superando as das carnes bovina e de frango. Mas em 1986, a procura por produtos baleeiros caiu para 6.000 toneladas e, um ano depois, a Comissão Baleeira Internacional declarou uma moratória à caça comercial de baleias.

O problema é que o Japão continuou caçando baleias, usando a desculpa da pesquisa científica. Ao mesmo tempo, a carne era vendida nos mercados. Em 2019, o governo japonês retomou oficialmente a caça comercial de baleias, recebendo a condenação de grupos conservacionistas.

Fonte: Tendências BR