O mundo já não é VUCA… é BANI

Ainda arrastados pelo rescaldo da crise pandémica de 2020, vivenciamos uma profunda transformação com impacto não só nas organizações, como nos modelos de negócio e nas competências profissionais essenciais para operar num mercado de trabalho altamente digitalizado. E diante de um universo cada vez mais imprevisível, acelerado e caótico, a noção de VUCA deixou de ser suficiente… Pelo que chegou a hora a de dar as boas-vindas à nova palavra da moda do momento, BANI, e a todas as implicações que ela anuncia e que irão moldar a nossa atuação individual e coletiva nesta nova realidade.

Quase todos já ouvimos falar no acrónimo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo, Ambíguo). Surgido no final da década de 80, em contexto militar e de pós-Guerra Fria, este conceito foi posteriormente utilizado para descrever o novo mundo nascido depois da queda do Muro de Berlim – um cenário pautado por instabilidade, insegurança, transformações rápidas e complexas, agitação social, novas tecnologias emergentes e desafios globais.

Porém, o decorrer da História e os acontecimentos desconcertantes decorridos sobretudo nos últimos anos (digitalização crescente, crise climática, desordem política e uma pandemia global) comprometeram o sentido da palavra da moda VUCA, tornando-a obsoleta e marcando a passagem para um novo cenário mundial: BANI (Frágil, Ansioso, Não-linear, Incompreensível). Criado pelo antropólogo e futurista Jamais Cascio, o fundador do think tank “Institute for the Future”, este conceito marca uma transição da volatilidade para agilidade, da incerteza para a ansiedade, da complexidade para a não linearidade e da ambiguidade para a incompreensão. Este neologismo, que contou até com um painel dedicado no World Economic Forum 2021, destaca as seguintes tendências:

– Brittle (Frágil)

A volatilidade deu lugar à fragilidade de um sistema interligado que pode funcionar perfeitamente, mas colapsar sem aviso e a qualquer instante – como aconteceu recentemente com a rutura das cadeias de abastecimento durante o confinamento, o que afetou o comércio global, provocando um efeito dominó. Hoje trabalhamos e vivemos numa base quebradiça, altamente suscetíveis à noção de catástrofe.

UMAansioso (Ansioso)

As incertezas do mundo VUCA geraram um cenário de medo, insegurança e impotência perante a mudança. As pessoas tornaram-se negativas e passivas, resguardando-se de tomar decisões que resultem em erros, mas desesperando-se simultaneamente por perderem oportunidades. Proliferam as notícias angustiantes, as conspirações, a pseudociência, as “notícias falsas” e os “influenciadores”, que ajudam a aumentar o grau isolamento e alienação, assim como os sentimentos de depressão e ansiedade.

Non-line (Não-linear)

A complexidade tornou-se não-linear e marcada especialmente pela desconexão entre causa e efeito. As peças e os factos deixaram de se encaixar perfeitamente e as referências e soluções anteriores, do passado, já não se aplicam no presente – nem tampouco o pensamento estruturado, porque o mundo em si está desestruturado. Neste contexto, os planeamentos detalhados e a longo prazo deixaram de fazer sentido e até pequenas decisões podem ter impactos desproporcionais, tanto benéficos como devastadores.

- EUincompreensível (Incompreensível)

Tentar entender resultados não-lineares advindos de qualquer causa, evento ou decisão tomada carece hoje de lógica ou propósito. A ambiguidade deu lugar a um momento de violenta incompreensão. E o facto de vivermos na época dos Big Data, da superinformação e da aceleração não parece ajudar em nada a encontrar as respostas que precisamos. Tanta rapidez deixa-nos sem saber como agir e entender o mundo.

Contudo, dar as boas-vindas a um novo mundo BANI não significa aceitar uma nova era de catástrofe e apocalipse. Trata-se de um modelo de definição que aporta uma nova lógica para guiar a nossa postura pessoal/profissional, definir o nosso planeamento estratégico, moldar o nosso estilo de liderança e gestão de pessoas e até saber como reagir ao que acontece.

Vai ser preciso decidir e agir com rapidez e adquirir/reforçar novas competências não só técnicas, como sociais, comportamentais e humanas: para combater a fragilidade, é urgente desenvolver a resiliência, a colaboração e trabalhar a diversidade (seja em equipas, produtos, serviços ou modelos de negócio); contra a ansiedade, precisamos de promover empatia, o atenção plena e a inteligência emocional; para lidar com algo não-linear, é necessário contexto e adaptabilidade; e para encarar o incompreensível, faz-nos falta incrementar a transparência, a intuição, a experimentação e a capacidade constante de aprender a aprender.

No fundo, este novo paradigma precisou de uma nova linguagem para o descrever… E vai precisar também de um novo mentalidade para o encarar e explorar daqui para a frente.


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Para lidar com este cenário BANI cada vez mais desafiador, a requalificação profissional e o desenvolvimento de competências é crucial para acompanhar o passo veloz dos avanços tecnológicos e gerar os melhores resultados de negócio. Na CEGOC transformamos as Competências em Desempenho através das nossas soluções de aprendizagem 100% digitais, adaptáveis às necessidades individuais de cada colaborador e ao contexto profissional em que está inserido. Pautadas por uma forte interação humana e desenhadas para impulsionar a transferência da aprendizagem para o contexto de trabalho, estão disponíveis nos seguintes formatos: totalmente digital, #UP4REAL®, Aulas Virtuais e On&Offline. Saiba mais aqui.


*Artigo publicado originalmente na revista Marketeer.