Com beleza exuberante e pelagem branca como neve a natureza mostra que possui algumas filhas únicas. É o caso da jaguatirica-albina, fêmea cega que vive no Parque Nacional de Conservação de Medellín, na Colômbia.
Ela chegou ao local ainda filhote, em novembro de 2021. Mas só agora pesquisadores conseguiram identificar qual era a espécie do felino que possui uma anomalia causada pela ausência de melanina – proteína responsável por dar pigmento à pele do animal. Por isso, é considerado extremamente raro.
Para o biólogo Luciano Lima, mutações genéticas envolvendo a coloração de felinos é algo conhecido quando se trata de animais com melanismo – proteína produzida em excesso que deixa o animal com a pelagem preta. “Mas quando se trata de animais albinos, estamos falando de algo realmente raro. Tanto que ao que tudo indica se trata de fato da primeira jaguatirica albina do planeta”, comenta.
Por que está em cativeiro?
Ela chegou ao Parque Nacional em Medellín ainda filhote quando foi resgatada por moradores da região de Amalfi que viram o felino que parecia um gato desnutrido e com poucas chances de sobreviver. A jaguatirica passou por uma série de exames e foi observado que o felino não enxergava.
“Era improvável que ela sobrevivesse no ambiente natural já que não conseguia se camuflar, caçar e se proteger de predadores”, informa representante da unidade por meio de uma publicação na página oficial do Parque Nacional.
Cientistas acreditam que a mãe tenha abandonado a fêmea para proteger os possíveis irmãos do felino, já que a cor branca poderia tornar os filhotes normais presas fáceis para vários animais como falcões, águias e até corujas por exemplo.
Identificação da espécie
Apesar de já ter sido cuidada desde a fase de filhote até a adulta, só agora, mais de um ano após seu encontro é que cientistas divulgaram mais informações sobre o animal que até então achavam se tratar de um gato-do-mato.
Ela chegou a ser confundida com outras espécies de felino de pequeno porte. Mas conforme foi crescendo e ganhando peso, novas possibilidades foram levantadas, como a de que seria um gato-mourisco, que é um pouco maior do que outras espécies da família.
Uma investigação genética por meio de DNA foi necessária para comprovar que se tratava de uma jaguatirica (leopardo leopardo). O estudo foi feito em uma ação conjunta dos laboratórios da Universidade de Antioquia e da Polícia Nacional.
O parque batizou a jaguatirica, mas mantém seu nome em segredo para evitar interações de visitantes que possam confundir o animal.
Desenvolvimento
“Apesar de sua cegueira total, ela melhorou suas habilidades motoras e reconhece seu habitat, projetado para ela”, informou o coordenador do parque em rede social.
Atualmente, a jaguatirica – que atingiu a idade adulta – pesa aproximadamente 13 quilos. O animal carnívoro foi resgatado pesando menos de meio quilo.
Outro detalhe é que cuidadores estão estimulando o animal a não perder hábitos selvagens. “Ele é extremamente ágil e algumas atividades ajudam a fêmea a desenvolver outras habilidades do animal, como a audição”, informou na página oficial.
Essa rápida resposta ao tratamento deixa pesquisadores bem confiantes em relação a futuras pesquisas sobre animal que até pouco tempo era desconhecido até pelos mais experientes especialistas.
Nesta foto, é possível perceber como ela chegou, e como está após um ano de cuidados. As mudanças marcam a transição da infância para a fase adulta.
Sobre a jaguatirica
De grande elegância e beleza, atualmente é um animal protegido, já que esteve à beira da extinção.
As jaguatiricas são felinos de médio porte, maiores do que gatos selvagens e muito menores do que onças-pintadas. A espécie está ameaçada de extinção. E uma das causas para o declínio desses felinos está devido ao interesse comercial pela pele desse animal, o que é considerado crime ambiental.
Os machos são maiores que as fêmeas, podendo medir 1 metro, mais a cauda com até 40 cm, pesando entre 8 a 15 kg. A jaguatirica tem uma coloração que varia de cinza-amarelado bem pálido ou amarelo-claro a um tom de castanho.
As manchas negras tendem a formar rosetas abertas, desenhando traços longitudinais. São animais solitários, de hábitos noturnos, e excelentes nadadores e escaladores de árvores.
Distribuição: América do Norte, Central e do Sul.
Habitat: Caatinga, cerrado, pantanal, mas principalmente florestas tropicais e subtropicais (inclusive matas de galeria).
Alimentação: Mamíferos de pequeno e médio porte, aves, répteis e peixes.
Reprodução: Procuram um par somente na época de acasalamento. A gestação varia entre 70 e 85 dias, nascendo de 1 a 4 filhotes com peso entre 120 a 340 gramas.
Curiosidades sobre a espécie
– A cada dois anos, a fêmea tem entre um e quatro filhotes, depois de um período de gestacional que pode ser de até 85 dias.
– Costumam se apoiar sobre suas patas traseiras para inspecionar o terreno e identificar antecipadamente presas ou predadores que queiram ataca-la.
– Não existem duas Jaguatiricas iguais, já que o desenho de sua pelagem é como nossas digitais, são exclusivas, não se repetem.
– O sentido do olfato é muito aguçado nestes felinos. Utilizam-no para examinar a presa e para reconhecer o território marcado com urina por outros machos da espécie.
Fonte: G1